Non liquet
ou
Não-demonstração superveniente
Sine die, tempo em inelutável ocaso
Pensar em solidão mais infungível
Tratado tão solene sem seu prazo
Comentário às sortes também fazível
Ó vassalos, de reinado bem demonstrado
Nos encomendamos à mofa impaciência
E nos guarnecemos do sol já queimado
E nos escondemos da dura clemência.
Nada nos garantirá mais forte cantado
Afora todos males do porte e d’ausência
Sujeitos a batimento fortemente focado
Do entendimento civil e sua obstinência.
Caríssimos, se me é dado peito ou fardo
Vos encomendo também a incumbência
De pedir-vos eterno questionar ao fado
Que governa mal hostes em defluência.
Ninguém demonstra o quanto valemos
Que valência valem valores norteantes
Qu’estandartes s’erguem mais clamantes
Pagando preço qu’em futuros pagaremos?
Nem o Estado está para estar, e sofremos
Porque não lutamos nem bem entendemos
Qu’o poder decisório é summo colectivo
ser passivo mais perder-se mesmo altivo.
Passivas as massas em res comum
batimento cardíaco frio e redundante
achega às virtualidades d’ode triunfante
Contra-exemplo, ficção acto algum.
Freio do poder em banal comum julgado
Opacidade, medo, caos e feita desigualdade
Vergonhosos exemplos de quem é, em verdade,
Quem quer governar sem se sentir governado.
28/02/2012