La Marseillaise

Que veut cette horde d'esclaves, De traîtres, de rois conjurés ?
Pour qui ces ignobles entraves, Ces fers dès longtemps préparés?
La Marseillaise

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Soneto ao Som

Inalo o ópio que me droga a alma
respiro o fundo de minha palma
e calos meus vertem liberdade
suspirando nu,  pálida cidade.

E fogem almas, intempérie
de ser. No além congemina
a dor de não-ser-se em série
guitarra ao relento, desafina.

Nos saúdam pecados qu'ego fita
liberdade criativa d'enlouquecer
nos meandros da vil saudade.

A melodia da existência grita
perdendo no fundo amanhecer
queimando nossa brevidade.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Alunos da discórdia

Semeiam-nos no desespero
- que o direito é a fonte
das sumas fontes sem ponte -
arde-nos o sangue, sombrero!

Eu queimo a Constituição,
os seus trâmites, o sangue
golpeado que a antecede
e as suas facetas económicas.
À China, camaradas!
Mantenhamos as alçadas
e carismas, sofismas.

Queimo o código Penal
Queimo o código Civil
Queimo o código Processual
Queimo-os num jardim infantil
A brincar ao faz-de-conta
que a normatividade é parcial.
 

domingo, 17 de outubro de 2010

Act 1, 1, III - Blasfémias

Pertenço àqueles que a ninguém pertencem
Nem às próprias entranhas da discórdia.

Nem da pele nos livra o entendimento.

Pertenço aos pertences da hipertrofia
e monotonia do ego multi-dimensionado.

O meu ser é não-ser prisma absorvente.

Levemente disfarçado e sem disfarce
O tempo molda o quid que nos permite
moldar os espaços em que vagueamos
à sombra dos desejos fugazes
( salivando séculos pelo orgasmo de meio segundo)

Nossos sedentos pais
cães selvagens,
de cios transversais
à ideia de homem.
Mau pai de família.
Queremos a tua cabeça
em troco da sobrevivência
imaterial
e diluída de meras doutrinas
Porque hoje
Queremos matar.

Mataremos para erradicar o mal
e isso não diverge
de querer criar o bem.

Queremos matar.

Queremos matar

Queremos matar-nos e no fim rematarmos
a nossa cabeça
no fundo da baliza
da consciência.

Opaca.
Fraca.
Diluída.

Somos Reles PUTAS!

Somos fracos vendidos da vida
perdemos tempo com reles intelectuais
masturbações
que não nos colocam na boca o pão
que se assa com músculo
e por vezes
sem a devida Raison d'être.

E é por isso que queremos matar
Matar nossos pais
Matar nossos pais
Matar nossos pais.
E foder nossas mães.

Act I, 1, secundo: Domínios

Espanta-me a falta de espanto
com que se moem ditas calçadas
Verbos sem ralo ou alçadas
levam-me a alma e o canto.

Matam e esfolam o pranto
nocturno, de aves assustadas
são inúteis vozes desafinadas
cobertas pelo mesmo manto

Nos domina paralisia vã,
- sem questionar, somos cegos -,
parte comum d'oco talismã...

(Venham ver nossos pregos!)
Somos filhos de um amanhã
que assusta nossos tristes egos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Act I, 1, pr: Rex

Tempo se nos transpira
de insignificância
quando humano suspira
mutilado e regado
pelos óleos
da ganância. 

O Rei imagina-se sem trono numa cíclica morada errante. 

Queimam-lhe o nome
rasgam-lhe os salamaleques
nas entranhas do divertimento,
 cabeças lhe cortam
o alcance de sua
 moralidade. 

Esvai-se o tempo presenteando
a morte no eufemismo
da loucura
no leito da emotividade. 

Ganância dos réus que se tornam ocamente  reis
Deus penetre o homem pelo ânus da animalidade
congeminado p'lo arbítrio livre
 que deveria
ter protribuído
aos animais.
São mais
pedaço de carne andante
e diluído.
nas sombras do homem, 
pelos caminhos da vertigem. 


Razão me leva avante pelo ofício
de ser osso dado a roer
a quem dentes mais
 tem
do que alguma vez
quererá
vender.


Rei nada tem além dos domínios da fraude
que o Povo comete em prol da superação
ergue-se a confusão para saciar a laude
pasma-se o colóquio no ponteiro-escovilhão


Materializaram o Rei num fragmento de deidade.
E dois reis se nos apareceram
para tomar o que de ambos seria de um só:
a Verdade.